Nos dias 4 e 5 de setembro, o Instituto de Computação da UNICAMP sediou o 1º Workshop do projeto “Araceli: Inteligência Artificial no Combate ao Abuso Sexual Infantil“, do Recod.ai. O encontro propôs discutir os resultados do projeto atual, além de promover diálogo com instituições e profissionais atuantes na área acerca dos desafios futuros. “O objetivo foi conectar a equipe Araceli com outros especialistas para promover a extensão do projeto, além de ampliar o diálogo para descobrir novas frentes e desafios que poderemos trabalhar juntos”, comentou Profa. Sandra Avila, coordenadora do projeto Araceli.
Além de facilitar parcerias, o evento trouxe discussões sobre o atual debate da regulação das plataformas digitais para adoção de medidas para prevenir o acesso de crianças e adolescentes a conteúdos como pornografia, bullying, incentivo ao suicídio e jogos de azar. Júlia Mendonça, advogada e especialista em Proteção de Dados do Instituto Alana, destacou a importância da aprovação da Lei nº 2.628, chamada “ECA Digital” ou “PL da Adultização”, após denúncias do youtuber Felipe Bressanim, o Felca, sobre a exploração da imagem sexualizada de jovens nas redes sociais. “O texto atual [da PL 2628] exige que produtos ou serviços direcionados a crianças e adolescentes sigam parâmetros protetivos e medidas proativas de segurança, não apenas na identificação de conteúdos abusivos, mas desde seu design”, afirmou Mendonça.
Karina Queiroz, presidente do Instituto Teckids, enfatizou a importância da família na proteção das crianças. “Embora leis e aplicativos de controle parental sejam fundamentais à proteção online de crianças, o que a protege de fato é a conexão familiar — estar próximo dela e entender seu mundo. Não existem ferramentas que vão resolver tudo, e a orientação diária é imprescindível”.
O workshop também contou apresentação de resultados do Horus, projeto também do Recod.ai, que explora ética e segurança da inteligência artificial (IA) e a confiança na mídia digital. Na ocasião, o pós-doutorando Raphael Prates apresentou modelos de IA que tem investigado para detecção de mídias sensíveis envolvendo imagens de crianças, como fotos e vídeos.
O evento, que contou com apoio da FAEPEX (Unicamp) e FAPESP, encerrou com uma sessão de “toró de ideias” e grupos de discussão, com o intuito de identificar lacunas, desafios e possíveis soluções que o projeto Araceli poderá endereçar em próximos passos. Para maiores detalhes, confira o vídeo a seguir.