
“Peles Negras Importam”. Esta é a mensagem que intitula a pesquisa de Sandra Avila, que nos chega como um alerta à escassez de dados sobre câncer de pele em pessoas negras no Brasil. O estudo enfatiza que a falta de informações sobre diferentes tons de pele em equipamentos dermatológicos pode levar a diagnósticos incorretos, além de perpetuar desigualdades já observadas em áreas como reconhecimento facial e recrutamento automatizado.
A pesquisadora, membro do Recod.ai e professora do Instituto de Computação da Unicamp, foi agraciada com o Prêmio “Dermatologia + Inclusiva 2025” do Grupo L’Oréal, durante o 35º Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica, realizado de 24 a 27 de abril em Salvador. Ao lado dela, outras três pesquisadoras brasileiras receberam a láurea em reconhecimento às suas contribuições para o avanço de uma dermatologia mais inclusiva, ampliando o conhecimento sobre peles negras e seus cuidados específicos.

A pesquisa de Avila analisa a eficácia de modelos de aprendizagem profunda (deep neural networks) no diagnóstico de câncer de pele em indivíduos negros, revelando que esses modelos enfrentam dificuldades na identificação de lesões em tons de pele mais escuros, em comparação com os mais claros. A pesquisadora e sua equipe defendem a inclusão de uma maior diversidade de imagens nos conjuntos de dados de treinamento destes modelos, visando aprimorar a precisão e a acessibilidade do diagnóstico de melanoma para todas as tonalidades de pele.
No Recod.ai, Avila atua no projeto H.IAAC, Hub de Inteligência Artificial (IA) e Arquiteturas Cognitivas que desenvolve tecnologias de inteligência para dispositivos móveis, além de coordenar o Araceli, no qual explora usos da IA na luta contra o abuso sexual de crianças. Seus trabalhos envolvem análises de viés em modelos de aprendizado de máquina e explicabilidade em sistemas de classificação, com foco em saúde, ética e justiça.
O reconhecimento da L’Oréal é mais um entre as várias conquistas da professora, que também já recebeu o Prêmio de Reconhecimento Acadêmico em Direitos Humanos da Unicamp (Instituto Vladimir Herzog) em 2024 e 2023, além de ter sido destacada como uma das pesquisadoras mais citadas do mundo em 2022 e 2023, segundo a lista da Universidade de Stanford e Elsevier. Em 2022, ela conquistou o Google Awards for Inclusion Research pelo projeto “Dark Skin Matters: Fair and Unbiased Skin Lesion Models”.