
No dia 7/4, o Ministério da Saúde deu início à Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe 2025, visando imunizar aproximadamente 81,6 milhões de pessoas contra o vírus da influenza. Embora a atualização vacinal periódica seja recomendada por cientistas e profissionais de saúde, é comum que, em momentos como esse, ondas de negacionismo pipoquem pela internet.
Em entrevista ao Jornal da EPTV, a pós-doutoranda do Recod.ai, Ana Carolina Monari, apontou os problemas de um estudo que tem sido amplamente disseminado em grupos de Whatsapp para contestar a eficácia da vacina.
“Esse estudo ainda não foi revisado por pares, o que significa que ainda não foi avaliado (…) Ele também foi compartilhado por um site considerado historicamente antivacina, além de apresentar alguns problemas estatísticos e em relação à sua metodologia”, comentou a pesquisadora na reportagem.
A plataforma medRxiv, dedicada à pré-publicação de artigos científicos (preprints) na área da saúde e na qual o estudo foi submetido, destaca em sua página principal que trabalhos nela publicados não devem ser utilizados como base para práticas clínicas e nem divulgados como informações consolidadas.
A reportagem da EPTV também contou com depoimento de Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp. Além de desmentir teorias que associam a vacina ao câncer, a especialista reforçou a eficácia do imunizante, que oferece proteção por um período de 4 a 6 meses, variando conforme a idade.
“[A vacina] é formalmente indicada para pessoas que têm maior risco de doença grave e de serem hospitalizadas pela gripe. Crianças abaixo de 5 anos, idosos, imunossuprimidos e gestantes devem ser vacinados. A única contra-indicação seria para uma pessoa que teve alergia grave após a vacina em algum ano anterior”, disse Stucchi.
Por uma inteligência artificial mais ética contra desinformação
No Recod.ai, Monari tem dupla atuação. No contexto do Projeto Horus, que explora a ética e segurança da inteligência artificial (IA) e a confiança na mídia digital, a pesquisadora investiga as dinâmicas de circulação da desinformação na internet, concentrando-se na compreensão e mitigação dos impactos das realidades sintéticas na sociedade, como é o caso de deepfakes, imagens e áudios gerados por IA.
“Por meio de uma perspectiva interdisciplinar, que combina ciências sociais, antropologia e ciência da computação, busco entender as implicações das campanhas de desinformação, especialmente feitas por IA, em eleições e na sociedade em geral e a repercussão disso no ecossistema midiático“, explica a cientista.

Ela também integra o Projeto Aletheia, que investiga técnicas de IA, linguística computacional e ciências sociais para a gestão de infodemias — disseminação excessiva de informações que podem ser imprecisas ou enganosas sobre um tema, sobretudo em contextos de crises de saúde pública. No Aletheia, Monari foca nas consequências da desinformação gerada por IA para a saúde, especialmente em relação à vacinação.
Para conhecer mais sobre o trabalho da pesquisadora em desinformação científica em saúde, acesse a seguir duas matérias do O Estado de S. Paulo nas quais Monari participou, além de sua tese de doutorado, reconhecida com o Prêmio Oswaldo Cruz de Teses 2024:
- Brasileiros são especialmente vulneráveis às fake news em saúde; entenda os motivos (Estadão)
- Fake news em saúde podem matar e combate não deve ser simplista, alertam especialistas (Estadão)
- Quem consome fake news consome fake news? Os usos e sentidos atribuídos à ciência e ao jornalismo em canais sobre covid-19 no Telegram (Tese de Doutorado)